segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Desabafo

Quando eu comecei a brincar com biscuit, eu olhava muito as fotos de artistas internacionais que faziam miniaturas de comida tão legais que a gente só sabia que era falso e era miniatura por que elas seguravam as peças com seus dedos - e dava até pra ver as impressões digitais, de tão detalhada que era a foto.

Até hoje eu lembro do que uma delas me disse quando eu perguntei que material que eu precisava ter para fazer aquelas coisas tão bonitas: uma agulha comum de costura, um estilete e uma caneta ou lápis para usar como " rolo de massa " era o suficiente para começar. E não era mentira. Muita coisa eu fiz só com esses três instrumentos. Cheguei a usar um pote de plástico que fazia parte de um bebedouro para hamsters estragado, entre outras coisas improvisadas que eu encontrava pela casa. Nada de parafernalha chique, extrusores para biscuit ou ferramentas específicas.

Mesmo por que não fazia sentido eu comprar ferramentas que, para a escala dos meus cupcakes e bolinhos, eram grandes demais. E era feliz assim.

Aí resolvi tirar a licensa de artesão, e me disseram, literalmente, que "miniatura não era considerado artesanato por que não tinha técnica", e que se eu quisesse passar na prova tinha que fazer algo maior. Ah, e que eu estava proibida de usar moldes. Na hora eu pensei : " como assim moldes? E lá existem moldes pra coisas desse tamanho?". Eu achei bastante absurdo, mas como não sou eu que dito as regras, tentei acostumar os dedos a fazer coisas do tamanho de um bombom. Daí fiz, e passei.

E depois comecei a descobrir que pelo Brasil também tinha muita gente que fazia coisas com biscuit. E um tempo depois descobri que no etsy existia trocentos moldes para comprar, e que todo mundo usava eles. Sempre os mesmos cupcakes e adornos de cupcakes, os mesmos bolinhos e os mesmos chocolatinhos. Tudo vinha pronto. Tudo igual. De repente, tudo aquilo perdeu boa parte do encanto que tinha. E eu passei um bom tempo sem ter vontade de mexer com porcelana fria. Claro que o monte de livros pra estudar não ajudou... mas tendo vontade, tempo raramente é problema.

E eu não tinha vontade. Simples assim.

Com o negócio de voltar a jogar DDO e rever as pequenas paixões que eu tinha, comecei a cavocar no google aquela artesã que me disse que pra começar eu só precisava de uma caneta, um estilete e uma agulha.

E achei isso: http://theminifoodblog.blogspot.com/

A artesã que eu estava procurando não posta mais nada no seu flickr desde 2009, mas encontrei muitas outras pessoas que fazem um trabalho muito, muito legal. E é esse tipo de trabalho que eu quero fazer. Um dia xD

Beijos, bom feriado a todos!

3 comentários:

Vanessa Biali disse...

Eu também não entendo o sistema dos "avaliadores de artesanato" daqui...
O resgate do trabalho feito à mão como algo único, sem moldes (daquele tipo de moldes que milhares de pessoas usam exatamente o mesmo, sempre reproduzindo mais do mesmo...) é um desafio... mas, um desafio muito interessante!... vale a pena perseguir. ;-)
Bjks,

Luciana F. Damiano disse...

Wind, o trabalho dessa moça que vc passou o link é incrível!! Impressionante mesmo...
Se você gosta deve perseguir esse sonho.

bjs

Isadora disse...

uau, que blog fantástico!!
Apesar de eu agora estar fazendo um curso de patch bem tradicional, procuro guiar meu artesanato amadorésimo com o lema: não existe um jeito certo de fazer as coisas. Concordo com vc, padronizar é tirar o encanto!